Inumeros amigos e sócios do São Fernando compareceram à missa de sétimo dia de Raquel Soulas, dia 22 na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Claudio Buny lembrou a personalidade marcante e a grande influência de Raquel na formação do clube, com as seguiintes palavras:
"Se olharmos para qualquer canto dentro da sede ou no campo do São Fernando Golf Club, vamos ver algo realizado por Regis ou por Raquel Soulas.
Regis, que nos deixou há quase dois anos, está no escudo como primeiro capitão, como primeiro campeão do clube, além de estar no quadro dos Presidentes. Amigo de todos, ótimo jogador, tinha várias marcas registradas e quem o conheceu sempre lembrará do Regis em pé, a mão ocupada com um copo ou dando uma tragada durante o swing perfeito.
Dentro e fora do golfe, foi um nobre e discreto cavalheiro ótimo papo, sorriso aberto, que se completava perfeitamente com a agitadora Raquel.
E é da Raquel que queremos lembrar hoje, pois praticamente tudo que o São Fernando tem de bom, tem a mão da Raquel.
Claro que Raquel também foi exímia golfista: 1ª capitã em 1958 e bi- campeã do clube, conforme atestam as placas no bar social. Estas foram as participações menos importantes da Raquel.
Cada canto do Clube tem a mão dela, ou uma história em que participou. Impossível ouvir suas histórias sem dar risadas ou admirar a coragem, a personalidade, o humor, a caridade, o patriotismo brasileiro / argentino e acima de tudo o enorme amor por Regis, pela família, pelos amigos, pela natureza, pelo São Fernando, pelos seus cachorros, pelos menos afortunados e enfim, por todos e tudo que estava ao seu redor.
Ao lembrar de Raquel e Regis, logo vem a mente a sua casa, ao lado do green do 10 e seu jardim, dando um colorido inesquecível ao campo.
Era nesta casa que os amigos se reuniam após os jogos e, aos sábados, portões abertos e cachorros presos,os amigos iam chegando, sem convite, para o jantar, que sempre estava lá, pronto para mais um.
Lembrar desta argentina pequena e com energia gigante, é lembrar da tarde que invadiu o vestiário masculino, e arrancou um amigo de dentro do chuveiro, para tomar satisfações.
Lembrar da Raquel é só olhar para os objetos da sede: armários coloniais, pratos antigos, tacos de golfe com varas de madeira, peças da lareira, sofás e cadeiras com seu estilo inconfundível, tapeçarias e praticamente tudo que temos de belo, foi saindo, aos poucos, da sua casa e surgindo no Clube, muitas vezes para surpresa do Regis.
È impossível lembrar um dia da vida das primeiras décadas do clube, sem lembrar da Raquel. Precisava ajudar um caddie: lá estava ela. Precisava educar um funcionário: lá estava ela.Precisava de um jardineiro: lá estava ela. Precisava de uma casa para o recém chegado profissional, lá estava Raquel terminando a casa para o nosso Amando Rossi.
E não ficou só no clube. Das primeiras moradoras da Vila, foi Raquel que participou da organização, da urbanização, da proteção e da jardinagem, como por exemplo, a praça em frente à sua casa.
Raquel foi a guerreira mais pacifica que conheci. Raquel foi a maior baixinha que conheci.. Raquel foi a mulher corajosa e justa que se precisava brigar com o padre: brigava.Se discordava do prepotente, dizia o que queria, fosse quem fosse. Mas se o mais humilde lhe desagradava: perdoava antes de brigar.Se o jogo era Brasil contra Argentina, as duas bandeiras tremulavam nos mastros do seu jardim.
Não podia se imaginar Regis sem Raquel e Raquel sem Regis. Por isso ela foi atrás dele e nos deixou com saudades para sempre."